segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

# 294

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se eu tivesse o dom, eu escreveria um samba de cada uma de minhas paixões, relatando, à letra fiel, o que eu passei em cada um dos relacionamentos.
mas não sei fazer samba. só sei escrever prosa, então vai em prosa mesmo.

o meu problema é acreditar em romantismo, e essas bobagens todas, o que reforço, e até justifica, com esse meu gosto gigante pelas músicas bregas, que são as mais sinceras.
e talvez também eu tenha um desejo cada vez mais crescente de encontrar um porto pra descansar o barco que é minha vida por um grande tempo.

daí, esse desejo de viver um desses romances cantados pelas músicas do Roberto Carlos e companhia me leva a navegar por qualquer mar que se mostre aparentemente aprazível.
então vou ali, e velejo naquelas águas, tranquilas no começo, mas que vão se mostrando cada vez mais tortuosas.

mas como bom escorpiano, aporto meu barco, e mergulho naquelas águas, encharcando todos os meus ossos, afinal, a vida inteira é um risco. 

chegam as primeiras tempestades, às quais enfrento com aqueles guarda-chuvas grandes dos quais tanto gosto. 
e por alguns dias, o tempo volta a ficar bom, mas logo as tempestades se tornam cada vez mais frequentes, e já não há proteção contra elas, é como se o inverno chegasse com raiva, empurrando tudo o que há pela frente.

e eu nunca fui rapaz de chuvas. 
sempre preferi o sol às nuvens.

e quando a chuva se torna feroz, agressiva, provocando catástrofes, é sinal de que é hora de me retirar, de novamente pegar meu barco, e velejar pra longe dali, esperando encontrar águas mais calmas.
quem sabe no próximo oceano encontro meu porto finalmente seguro?

o importante é que, mesmo saindo ferido de todas essas situações, me reconstruo sempre, e mantenho meu coração crente, cheio de esperança, que segue esperando um meio feliz, sem final.

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