segunda-feira, 30 de abril de 2012

# 280

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na primeira pincelada quase desistiu.
ele nunca teve muito jeito pra fazer as coisas dentro da paciência que elas exigem. sempre foi prático, rápido, acelerado.
mas insistiu e continuou a pintar a porta de seu quarto. ele queria finalizar as coisas que precisavam de fim.

e cobria de tinta preta toda aquela porta amarelo clara que dava acesso ao seu quarto novo.
com uma paciência que lhe causava estranhamento, continuou a pintar, escutando músicas calmas, enquanto cantava junto.
talvez aquela calma que havia encontrado fosse fruto de seus 2 dias de isolamento do mundo, graças a uma amigdalite que lhe atacara uns dias antes, que lhe pediu um repouso pra curar, e, salvo a uma ou duas visitas de amigos, e alguns telefonemas, estava ali consigo mesmo.

lhe espantava que não estava fazendo a bagunça que se esperava dele mexendo com essas coisas de tinta, afinal, todos sabem que ele é um tanto quanto elétrico.
e achava graça disso mesmo, principalmente pelo fato que nem ia precisar passar aquele produto com cheiro forte pra limpar as mãos da tinta preta quando terminasse.

o resultado é que, depois de mais ou menos 1 hora e pouco, ele já tinha sua porta preta prontinha, sem muitos pingos de tinta no chão, sem muita tinta escorrida pela porta, o que lhe deixou muito satisfeito do trabalho que teve.
e pouco a pouco ele via sua casa terminar de tomar forma, de terminar de sair do plano pra realidade, e ficava bastante orgulhoso de si.

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