quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

# 248

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e na madrugada, quando nada mais esperava, tomado pela dor de garganta, sintoma daquela sinusite chata que chegou junto da segunda feira, ele riu.
sentou-se à frente da tela branca, e naquele programa de conversas mútuas, de câmera ligada, engatou num papo sem voz que, entre risos, bobagens, signos e ameaças, fez de seus desconfortos sinusiticos quase não notáveis.
ele ria de uma forma que fazia tempo que não o fazia, e o melhor, via que lá do outro lado da tela tinha alguém que ria junto.
e foi um papo de estranhos se tomando conhecimento dos melhores, sem vergonhas e nem protocolos.
tudo fluía tão bem, ele estava tão sem preocupação de se mostrar dentro do modelo de perfeição que se exige pra quem procura conquistar aos outros, que não viu o tempo passar, e num susto já havia passado, e muito, de sua hora de dormir.
pode ter sido só naquela madrugada. mas naquele dia ele dormiu feliz.
e, no acordar da manhã seguinte, apesar das dores, apesar das pastilhas pra garganta, apesar dos remédios pra dor de cabeça, do engarrafamento, apesar dos lugares, enfim, apesar dos pesares, o dia correu bem, numa sensação gostosa de vontade de continuidade.