quinta-feira, 26 de agosto de 2010

# 233

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e nos últimos tempos a busca tomou conta aqui.
a busca por uma casa nova, pra ser mais específico.
todo dia, milhões de acessos a sites de imobiliárias, visitas a apartamentos, arrumação de documentos, e o começo do encaixotamento das minhas coisas.

meu deus! eu me esqueço que eu tenho tanta coisa. e não digo isso como forma de me vangloriar do tipo "oh como ele tem tanta coisa", mas sim do tipo "putz grila! é muita tralha!".
é, porque eu tenho certa dificuldade em me desvincular das coisas, em desligar, em jogar coisa fora. em todos os sentidos.
eu tenho esse problema de desapego.
eu acho que deveria ser mais fácil desapegar das coisas. de poder jogar o que já não serve no lixo, de poder deixar pra trás, de verdade, acontecimentos e pessoas, enfim, o desapego devia ser mais fácil. tem pra quem seja. não pra mim.

eu decidi que nessa mudança eu vou me desfazer de algumas coisas, daquelas que eu não uso, que não têm mais utilidade. das roupas que não me cabem, de objetos inúteis, e espero que isso seja válido também pra emoções.
tou usando essa mudança como meio de reinvenção, de mudança no sentido literal da palavra. mudança de vida.

e, confesso, eu tou ansioso que não me caibo. louco pra entrar na casa nova, e pintar logo uma parede azul.

# 232

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eu sempre achei esse papo de "o problema não é você, sou eu" uma das maiores desculpas genéricas pra acabar um relacionamento. é simples e não exige maiores justificativas, ou seja, uma mera balela.
até então.
agora, eu já vejo isso com outros olhos. realmente pode existir essa situação de o problema ser nosso sim, e que, por mais que a outra pessoa seja ótima, bacana, legal, enfim, que a outra pessoa seja o nosso número, a coisa não desenvolve dentro da gente. e não tem nada de errado com a outra parte. o problema é nosso, e só nosso.
eu me vejo nessa situação. 
faz tempo que eu terminei meu último relacionamento mais consistente, que nem nome de namoro teve, mas ainda assim durou um pouco mais que os casinhos que as pessoas preferem ter hoje em dia. 
e não sei se por medo, preguiça, ou sei lá o que, eu não me deixei construir nada de concreto nos últimos tempos, pelo contrário, era quase que um processo de auto sabotagem.
até inventar uma paixão súbita, que eu só descobri que havia inventado depois de amargar por uns meses, e depois de umas sessões de análise, afinal, era ridicularmente visível que não haveria fruto nenhum daquilo, mas que era uma forma de eu ficar afastado de qualquer relacionamento sentimental possível, eu inventei pra poder me manter só. sim, eu tou nessa fase de ficar só comigo mesmo.
e isso só ficou mais claro pra mim nas últimas semanas.
e o que acontece é que essa descoberta me foi num momento desses em que tenho que explicar pra alguém que o problema é comigo. mas isso soa tão clichê, que é até vergonhoso de se querer dizer, mas não passa da mais pura verdade.
eu tou nossa fase de me reconhecer, me melhorar, de me curtir. uma fase de mudanças em todos os sentidos, mudança de casa, mudança de meta de vida, de trabalho, de lazer, e até mudança de alguns amigos, enfim, é um caos, uma revolução total, e que eu tenho que ficar só comigo.
e isso nem é covardia, mas é auto proteção, e proteção dos outros. 
e é isso o que eu tenho passado.
e eu nem chamaria isso tudo de problema realmente, mas sim de um empecilho, um obstáculo. 
o que eu tou chamando de problema também eu posso chamar de autopaixão, eu tou apaixonado por mim, e, nesse momento, eu não espaço pra dividir isso com ninguém. 
e não sou do tipo que engana aos outros, e nem quero ser o covarde que deixa em stand by, ou deixa alguém esperando. 
agora eu quero viver isso comigo, sem peso, sem dor, e sem mágoa.
por hora, tou de altas, porque tou ocupado demais comigo mesmo.