terça-feira, 30 de junho de 2009

# 162

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- João Diel diz: Jéfi, silêncio também é resposta.

- Jéfi diz: eu sei, João, mas é ruim de querer acreditar...


e fez-se silêncio.



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domingo, 28 de junho de 2009

# 161

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"- esse mundo é um lugar complicado." pensa ela, enquanto costura o botão azul escuro na sua blusa celeste.

ela não entende o porquê de as pessoas sentirem medo. medo serve pra quê? qual a utilidade prática disso? e por que a vida dói tanto quando a gente teme o que está por vir? e mais um tanto de questões desse tipo.

antes de pensar em medo, ela pensava em cores. que aquele botão celeste na blusa celeste era muito sem graça. tornava tudo uma coisa só.. muito homogenea.. e isso é exatamente o contrário da vida.. cheia das misturas, das coisas claras e escuras, tudo assim, misturado, e não tem nada divididinho certinho que nem no yin e yang.. que nada.. tudo é tudo ao mesmo tempo, onde tem claro, tem escuro..

e por isso preferiu trocar o botão celeste, por um azul escuro. que é pra mostrar que ali dentro daquela beleza de céu, ainda tem um tiquinho de escuridão. o que também é bom.

e enquanto agulha vai, agulha vem, e o botão vai sendo embrulhado pela linha branca, ela torna a pensar que o mundo é cheio das complicações. e acaba por se esquecer de qualquer pensamento complicado no momento em que a agulha pica seu polegar.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

# 160

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"tá ok."

e ele não se importa mais com o tal do orgulho. bem que até tenta um cadin se manter inerte, mas não consegue.

não sabe o motivo exato, mas não se dá por frações, é sempre por inteiro, com intensidade, vontade... e nem depois dos incontáveis tropeços, desiste.

sai pela rua cantando "ai de mim, que sou romântico", do mesmo jeito que a Rita se diz mutante, e ri disso.

costumava ser mais durão, ter muito orgulho, e perder com isso, mas numa determinada hora da vida, que nem se lembra quando, ele pensou que isso não valia de nada, que o bom mesmo é viver tudo do tudo que se apresenta ali, à sua frente, e deixou o orgulho preso numa gaveta qualquer do passado.
no máximo faz um charminho ou outro, mas cede.

e não entende ainda a intensidade dessas coisas que sente. nem sabe nomear com exatidão isso. não entende, mas adora e detesta ao mesmo tempo esse exagero sentimental todo.

aliás, vendo por esse lado, ele tem orgulho sim, orgulho de sentir. seja lá o que for extamante.

e sentir faz com que ele sonhe.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

# 159

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o horácio bem diria que mate couro é a melhor bebida do mundo.
que pizza à moda resolve qualquer problema com sabores na hora de pedir.
que música tem que ser aquela que mexe, ou que faz mexer.

o horácio também diria que a fita azul do pulso já tá bem desgastada, mas que não pode ser tirada.
e que não pode se esquecer daquela pasta de documentos.
que a máquina de lavar não pode ser sobrecarregada.
e que devia manter seu quarto mais organizado.

o horácio diria que era pra eu pular com os braços bem esticados, pra tentar alcançar o céu, porque ele mesmo não consegue fazer isso.
o horácio nasceu tiranossauro, com braço curto.
mas não tem importância. eu gosto dele ainda assim.