sábado, 29 de março de 2008

# 101

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nada se compara aos dias de chuva.
putz. como detesto andar pela rua sendo atacado pelos pingos da chuva fria... como detesto quando a água entra no meu sapato, e como detesto ter pular as enxurradas, e vez por outra cair em alguma, molhando inteira aquela roupa que eu mesmo lavei e passei minutos antes.

além do mais, as chuvas são um problema pra um andarilho como eu. como que eu posso resolver voltar pra casa à pé do trabalho, se está prestes a cair um temporal.. ah nem.

bom, é outono. então vamos ter paciência que daqui a pouco as chuvas acabam.

ah, e detesto a previsão do tempo.
sempre errada.


quarta-feira, 26 de março de 2008

# 110

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e no meio do caminho de volta pra casa, naquele mesmo ônibus amarelo, um espirro chega.
já vinha sentindo o "corpo ruim" como diria a sua Vó, e o nariz começando a fungar desde cedo.. tudo sinal de que a tal da gripe tava rondando de novo seus caminhos.

- droga, e logo hoje que não troxe guarda-chuva.

e começa a dar uns passos mais apertados que os anteriores, mas não encontra ânimo em correr depois de um dia cheio de trabalho.
enfim alcança o começo da rua que tem que subir pra chegar em casa, e a chuva ainda não passa de uns pinguinhos atrevidos que insistem em cair bem dentro do olho dele quando olha pra ver como está o céu.

chega em casa, chá quente e banho bom.
- quede meus remédios pra gripe?!

e no fim da noite, depois de tomar os tais comprimidos com coca-cola, se esquece que estava gripado e se distrai vendo seriado de super herói.


segunda-feira, 24 de março de 2008

# 109

:: das noites implacáveis de domingo


- "a gente consegue se distrair a semana inteira, e nem pensar no que nos machuca durante toda ela, mas as noites de domingo são implacáveis."

constatação à qual chegamos eu e um amigo a mais de um ano atrás. e é fato.

por mais distante e casca grossa, tipo aquela do abacaxi amarelo ali na geladeira, que aparentemos ser, humanos que somos, temos pontos fracos. e acho que esses pontos ficam mais evidentes nas noites de domingo.

noite de domingo é quando todo mundo se prepara pra semana nova, descansa pra segunda feira que nascerá dali a poucas horas, ou quer apenas ter um momento mais intimista ali com a família ou tomar uma dose de carinho, os que tem companhia, digo.

pros que não a têm, resta aquela tentativa absurda de tentar se distrair, seja vendo um filme de steve seagal na globo pela milésima vez ou assistir a sessão das dez, topa tudo por dinheiro, ou qualquer programa que o sílvio santos inventar de colocar na programação mutante do sbt.

outros, como este que agora escreve, tenta se desvencilhar da tal da implacabilidade fazendo sopa de letrinhas com legumes e bacon, e vendo aqueles episódios de seriado emprestados. não adianta, porque sempre vai ter aquela hora do silencio e da votade de cortá-lo com um grito forte.

mas o grito não pode vir... os vizinhos estão dormindo, se preparando pra segunda.

resta se remoer com os destroços de si mesmo, esperando o tempo passar, olhando pro rádio relógio e torcendo pro dia raiar logo, ou o sono te pegar de uma vez.

sexta-feira, 21 de março de 2008

# 108

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e de longe o observa, assim, sem saber ao certo o que acontece.
se realmente existem sinais, ou se esses são só fruto daquela imaginação sem tamanho.
e reclama de boca fechada que o mundo podia ser mais simples e as coisas mais claras, quase que com legendas, que é pra não ficar usando seus grãos de areia pra construir castelos que podem desabar num sopro.
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e continua ali, inerte, só a observar. não ousa tentar nada diretamente, só continua pensando naquele sorriso e nos olhares trocados, e se firma nisso e nos leves toques de seus dedos mindinhos durante as danças, como sendo indícios de coisas boas.

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e assim vai o castelo crescendo, mesmo que só na sua imaginação.
ô mundo complicado.
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# 107

::  valsas


todo mundo devia ter uma valsa na vida.
dessas de fazer dançar com a vassoura na falta de alguém.
e que ia ser do mesmo tanto de feliz.

todo mundo tinha que ter uma valsa na vida.
e fazer que nem a amelie, sendo contente com coisas pequenas.
e que fazem um momento grande.

é.. todo mundo devia ter uma valsa na vida.
daquelas de esperar por duas horas alguém sem reclamar.
porque a valsa pára o tempo.

todo mundo devia ter uma valsa na vida.
e sentar num café e esperar, esperar, qualquer coisa.
e a coisa pode ser alguém
e esse alguém pode ser que seja eu.

dois pra lá.
dois pra cá.
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# 106


:: banalidades



e eu quero as coisas banais,
aquelas que a gente faz sem pensar
soltar bolhas de sabão no meio da praça
pular nas faixas de pedestre
e comer pipoca doce de carrinho

e eu quero não me preocupar
se vai chover ou fazer sol
se saio tarde ou chego cedo
ou com que cor eu devo me vestir

eu só quero um dia pra mim
daqueles que nem horario tem
e onde eu faço o que não planejei
e encontro quem eu não esperava

agora só quero coisas banais
nada de terno e gravata
nem me preocupo com formalidades
quero correr no meio da rua
e gritar musicas bonitas no meio da multidão

só quero coisas banais
e nada mais

# 105

:: pontos



cheio de pontos.
de ônibus,
de interrogações,
de exclamações,
reticencias...
só não conheço o ponto final

será que tem isso?


# 104

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o problema da felicidade é a baixa estima dela,
ela sempre acha que poderia ser melhor.
sempre se sente incompleta.
e por mais feliz que a felicidade esteja,
ela sempre vai querer achar um motivo pra ficar triste.
ah dona felicidade, compra um espelho pra ti sô.

terça-feira, 18 de março de 2008

# 103

:: "...então me diz qual é a graça de já saber o fim da estrada quando se parte rumo ao nada?..."


Porque o que me fascina é o que não consigo enxergar de longe, aquilo que não posso prever. O que me chama a percorrer a estrada é o desconhecido.

Se o meu obejtivo é o nada, quero persegui-lo, sem bússola nem placas nem guias nem qualquer coisa que me indique a direção que devo seguir.

Quero um nada meu. Um nada que eu possa encontrar sozinho, ou com a ajuda de quem teve coragem de me acompanhar nessa viagem louca. Quanto tempo vai durar essa busca? Não sei. E que graça teria saber? Nenhuma. Quando chegarmos ao nada daí podemos pensar: "Pronto! Agora é hora de querer o tudo!"

E lá se dá início a uma nova viagem...

O título é de "A seta e o Alvo" do Paulinho Moska.

# 102

:: cadeira azul e luzes brancas


desde pequeno imaginava que quando fosse grande, eu seria um dentista,me vestiria de jaleco branco e máscara e receberia meus pacientes com um sorriso certinho.

já via meu consultório, com uns quadros de dentes com olhos sorrindo pras crianças, ensinando-as a escovar os dentes, as cadeiras de dentista azuis e aquela luz branca típica de consultórios.

ele seria no centro de BH ou em Florianópolis. imaginava ainda a sala de espera, toda azul clara com um monte de revistas de atualidades pros adultos, e turma da Mônica (com os planos infalíveis do Cebolinha) e Tio Patinhas (e sua moedinha número um) pras crianças, e no rádio tocaria música leve.


nessa época, eu ainda era um tanto mais tímido, e introvertido,tinha poucos amigos e conversava pouco, bem ao contrário de hoje, diriam.

lembro que imaginava minha vida de dentista na hora do recreio do colégio, onde ficava sentado sozinho na arquibancada vendo os outros alunos brincarem, correrem e conversarem.
eu brincava com as luzes brancas em cima da cadeira azul, na minha imaginação.

terça-feira, 4 de março de 2008

# 101


:: da primeira vez de respirar


E abri os olhos antes de qualquer coisa. Ainda não sabia o que era nada, sem nomes, sem formas... tudo podia ser o que eu quisesse, mas ainda não queria nada, só abrir os olhos.

Depois dos olhos, foi a vez da boca, o que é até engraçado de se dizer, porque naturalmente a boca se abriria antes para que se pudesse respirar. Eu disse naturalmente. E não estou falando de natureza, estou falando de mim. Pois bem, depois de abrir os olhos, e ver o mundo que ainda não se chamava mundo, abri a boca, e pela primeira vez o ar me invadiu, pela primeira vez respirei, e me senti como um balão desses de criança, me inflando aos poucos, e essa sensação me era divertida.

Ao mesmo tempo que o ar me enchia, me ria por dentro, e era como se bolhas de sabão me invadissem e de repente o desespero: o que fazer com tanto ar? Que desse momento em diante já se chamava ar. Ainda não aprendera que da mesma forma que entrou ele teria que sair. E aí sim o natural me tocou, e meus pulmões expulsaram aquele invasor que me proporcionou tanta alegria naquele precioso momento.

E aí já era tarde... um vício por ar me tomara. E depois da primeira vez não quis mais parar. E tornei-me alguém que respirava, e o melhor, que gostava disso.

Os respiros então começaram a variar de formas, um hora eram fortes de afobamento, noutra leve, devagarzinho que era pra não acordar ninguém, e ainda tinham os sapecas, que não podiam ser ouvidos, mas que se deliciavam. E tornaram-se por vezes suspiros de emoção, de vontade, de inveja até. Mas jamais a sensação daquele primeiro respirar fez-se presente outra vez.


segunda-feira, 3 de março de 2008

# 100

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"lua azul, lua azul turquesa
já que a casa está vazia
vem me fazer companhia
na janela da cozinha"

e ontem foi assim que vi minha casa ficar, vazia vazia, de dar dó e  ouvir o eco soar na sala grande.

tá quase aquela casa engraçada que não tinha nada, mas a gente ainda tem parede, banheiro, estante e TV.
e um teto com estrelas.

não não.. não teve briga, nem separação. não teve nenhum evento grande e nada de imprevisto. Os móveis eram de um amigo que se mudara pro interior e voltara pra capital agora.

mas bem, o vazio não vai durar pro muito tempo, e logo o eco vai deixar saudades.
essa semana a geladeira, fogão e companhia ilimitada estão chegando pra ocupar aqueles espaços vazios, ah, e o sofá também chega.

enquanto isso, a gente senta nas almofadas azuis, alaranjadas e vermelhas e vemos tv no chão.

e brincar de eco é divertido, principalmente quando o que ecoa são as risadas. rs

:)